sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A fotografia

Ela chegou em casa, bateu a porta e saiu correndo para o quarto. Ela se olhou no espelho e viu resquícios de lágrimas em seu rosto, não limpou, queria que elas ficassem ali como uma tatuagem. Havia chegado a hora, ela tinha que ser corajosa para se livrar de tudo, cada canto naquele quarto tinha um pouco dele. Ela decidiu começar pelo computador, as coisas digitais eram mais fáceis de livrar já que não eram tão palpáveis. Apagar cada pasta foi, no mínimo, doloroso. Depois foi a vez das cartas, antes de queimar, ela relia cada uma delas e a cada releitura o aperto no coração aumentava e mais lágrimas rolavam. Ai chegou à vez dos objetos: ursos, bibelôs, travesseiros, porta-retratos... ela colocou tudo em saco, e jogou fora. Quando ela foi procurar se ainda havia resquício dele dentro do guarda roupa, ela encontrou a fotografia...



Tinha sido em uma tarde de verão. Ela sempre disse para ele que queria viver um conto de fadas: onde o príncipe encantado subia na janela do quarto dela com o tapete mágico. Ele subiu pelo telhado, não de tapete mágico, e chegou ao quarto dela com buquê de flores, foi assim que ele a pediu em namoro e foi ali que eles se beijaram pela primeira vez. Agora tudo que restava era uma fotografia, depois de 3 anos de namoro, só restava a fotografia.


Ela pegou o telefone discou um numero, e disse:


-Ei, tem uma foto que eu não posso jogar fora.






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